Nat
Certa vez eu li algo a respeito dos não-ditos.
Este é um tema recorrente da psicanálise, porque (acho que posso dizer isso...) é um dos assuntos sobre o qual se estrutura toda a teoria psicanalítica.
Li algo que falava sobre as lacunas, os vazios de significados de uma determinada experiência, as confusões que podem ser geradas devido a algo não bem explicado (logo, não bem compreendido pelo outro..), dessas ausências que ficam praticamente intocadas na nossa história e mais se expressam como experiência visceral (= emoções e/ou outras reações fisiológicas, como a ansiedade por exemplo) do que qualquer outra coisa... do quanto tudo isso pode ser delicado.  
Mas né?
Não entremos na teoria porque este nem é meu propósito aqui no blog.
Só peço um pouco de paciência pra quem tem a paciência de ler o que eu escrevo, porque neste ano eu praticamente estou respirando psicanálise, logo não tem como isso não se refletir por aqui.

Feito o adendo e entrando na vida real agora, queria contar algo que aconteceu e foi muito legal pra mim.
Ao longo das minhas primaverinhas, eu sempre fui (= conjugação do verbo ser no passado, deixa eu frisar isso porque as coisas não são mais tão preto-no-branco, babe...) o tipo de pessoa que preferia morrer a dar o braço a torcer de que uma outra pessoa me tocou, me magoou, me entristeceu, me sei-lá-o-quê.
E né, isso ajuda sim em mil situações - e, inclusive, eu faço uma leitura de que o mundo que a gente vive até estimula essa coisa do distanciamento emocional -, mas em outras tantas só impede que elas sejam resolvidas de verdade.
Acredito que vocês entendem o que eu estou querendo dizer.
Pois bem!

Nesses tempos atrás eu tava com um serzinho intalado na garganta.
Uma pessoa do meu convívio diário que mais me fazia mal do que bem.
E porra, é convívio DIÁRIO.
Tomei coragem e falei de todos os relaxos que ela tava dando comigo.
Estava planejando que fosse no face-a-face, mas como a coragem e a oportunidade vieram pelo MSN, foi por ali mesmo.
Olha... não que não tenha sido difícil, viu, mas foi.
Falei.
E principal: falei tudo que eu precisava.

Este é o tipo de coisa que o Mastercard não compra.
Assertividade, a gente se vê por aqui! ;D
*

PS: Pensei em dar como título do post "Eu, Nathaly L., aliviada e evoluída".Adoro paródias mas sei lá, não me soou muito bem essa comparação com a Christiane F., por mais que as palavras que eu tenha escolhido para me caracterizar tenham sido positivas, aahuahauhauahauahua.
Mas né, fica aqui registrada a idéia! ;P
Nat
No meio da tarde, entupida de trabalho até dizer chega, eu paro para escrever.
Paro só pra dizer que estou cansada de mim mesma.
Admitir isso.

Só.
Nat
"I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three"
Nat
Eu fico me perguntando às vezes se as pessoas se acham tão loucas quanto eu acho que eu sou.
Não que eu de fato seja louca.
Mas às vezes me sinto assim.

Tipo, o meu ponto de vista é que todas as pessoas são meio doidas.
Mas será que todo mundo se dá conta que às vezes faltam alguns parafusinhos???
Acho que sim, né?
As pessoas devem saber que tem horas que o próprio mundo cai mesmo, que nada faz sentido e que, ao mesmo tempo, faz todo o sentido do mundo. (ok, talvez aqui comece a ficar difícil de acompanhar... eu vou parar)

Mas partindo de pressuposto que todo mundo tem seu momentos de fragilidade e dá uma leve piradinha (ou não tão leve assim, né), e mais de uma vez na vida, porque então que tudo ao nosso redor, que vai desde padrões de como devemos viver nossas vidas até todos os valores culturais que nos permeiam, negam isso com tanta força? Porque estabelecem uma normalidade tão anormal, que muitas vezes gera mais e mais crises no indivíduo, em nós mesmos?

Gente...
Não faz sentido.
Sei que muito provavelmente eu tô chovendo no molhado, que muita gente sabe disso, mas a real é essa...
Só que é uma realidade que só passa a fazer sentido dentro dos nossos mundinhos particulares (sem racionalização*, I mean) quando se vive a experiência...
E quando se sente isso de verdade, na pele, é que passa a fazer sentido dentro de um contexto.

Que loucura tudo isso, hein...
De verdade.
Sem trocadilhos toscos, please, ahauahauhauahauaha.





Racionalização: segundo dóktorrrrr Freud, se trata de um mecanismo de defesa em que as pessoinhas transformam uma idéia, um sentimento ou uma sensação bastante incômodas para si em algo aceitável para suas mentes, criando explicações racionais (para si e para o mundo que existe ao seu redor) deste "algo" que estão vivendo, já que certamente se trata de um conteúdo muito difícil de lidar para o sujeito. A racionalização implica também que mesmo para aqueles que "admitam" o que estão sentindo de verdade, estes conteúdos não sejam experienciados, permanecendo assim intocados pelo sujeito, ainda que ele verbalize sobre. É como, por exemplo, no caso de um filho que é extremamente ciumento em relação ao seu irmão com seus pais (e não aceita este fato), falar com "naturalidade" sobre seu ciúme com as pessoas.  
Nat
... eu gostaria de estar aqui.
(foto tirada em na cidade de Ptuj, na Eslovênia)

 
Marcadores: 3 comentários | edit post