Nat
Sinal Fechado - Paulinho da Viola

Olá, como vai?/Eu vou indo e você, tudo bem?/Tudo bem eu vou indo correndo/Pegar meu lugar no futuro, e você?/Tudo bem, eu vou indo em busca/De um sono tranquilo, quem sabe.../Quanto tempo... pois é.../Quanto tempo.../Me perdoe a pressa/É a alma dos nossos negócios/Oh! Não tem de quê/Eu também só ando a cem/Quando é que você telefona?/Precisamos nos ver por aí/Pra semana, prometo talvez nos vejamos/Quem sabe?/Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)/Tanta coisa que eu tinha a dizer/Mas eu sumi na poeira das ruas/Eu também tenho algo a dizer/Mas me foge a lembrança/Por favor, telefone, eu preciso/Beber alguma coisa, rapidamente/Pra semana/O sinal.../Eu espero você/Vai abrir.../Por favor, não esqueça,/Adeus...

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Não vou fazer retrospectiva de 2008, listas do que se deve esperar de 2009, coisas que devem ser mudadas, enfim, nada disso...
Minha mensagem para 2009 será outra: eu desejo às pessoas que elas dêem mais atenção àquilo que é importante em suas vidas, nas pessoas que lhes são caras, na importância de ter um tempo para o lazer... nessas coisas mais smples, sabem? Porque nossos dias passam tão rápido, a vida passa muito rápido... e quando paramos pra ver, acabou, ficou pra trás.

Queridos leitores fantasmas, um bom fim de ano para todos, e APROVEITEM!!!
Nat
Ontem eu percebi que tenho me levado à sério demais.

Estava assistindo Superbad aqui em casa, quando me toquei que quase nunca assito comédias. Sempre parto do pressuposto que são ruins e que não vou gostar. Mas ontem dei tanta risada... não esperava, sabe? Fiquei pensando nisso... aí lembrei de um outro filme, Melinda e Melinda, do Woody Allen, que é metade comédia e metade drama. Embora eu indiscutivelmente prefira os dramas, um pouco de leveza não faz mal à ninguém.

Daí pra pensar na minha vida foi um pulinho... e sim, eu realmente tenho me levado à sério; mais do que devia.

Hahaha, preciso de férias de mim mesma?
Nah... Só dar um descanso à Melinda dramática.
Nat
Ai gente, tá fogo essa cidade de Santos, viu...
Desacostumei a tanta chuvinha; o céu parece que nunca abre... num é à toa que o Zé Simão tem brincado, chamando a região Sudeste de Chuveste. As pessoas de Bauru sabem que Santos sempre chove, eu vivo falando que aqui é o penico do mundo, mas cacete, tô com as pecênça estourada já!

Anyway, reclamação mode off.

Terminei de ler o Budapeste.
ADOREI.
Não vou dedicar outro post a este mesmo tema, pelo menos não agora. O livro é fantástico, eu quase me arrependi por ter falado coisas antes de terminar a leitura, mas agora já foi. Algumas idéias mudaram sobre o livro, no geral, porque outras foram acrescentadas - Outro dia você fala dele, Nat. Deixa prum outro momento.

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Meu-querido-e-tão-recente-blog, desculpa pelo abandono da mamãe, mas meu computador deu um pau violento, nem tá ligando, e fico aqui dependente do computador do meu irmão (ou seja, eu vou conseguir postar na mesma frequência que o cometa Halley passa pela Terra, ¬¬). MAS em breve espero resolver este probleminha.


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Hoje voltando do meu tardio almoço, eu passei por um morador de rua. Ele estava sentado no banco de um ponto de ônibus no caminho da minha casa, sozinho. Ninguém neste MUNDO seria capaz de ficar do lado daquele indivíduo: o cheiro emitido pelas suas roupas e pelo seu corpo era por demais forte, a ponto de virar comentário de um senhor que caminhava ao meu lado. Acho que vocês devem já ter sentido aquilo que eu senti naquele momento: impotência. Olhar uma situação e não saber o que fazer para mudá-la. O homem não me pediu nada, nem estava pedindo nada pra ninguém. Mas quem disse que era necessário pedir algo pra alguém? O pedido estava ali, velado, intrínseco à sua pessoa devido à sua condição. Tive vontade de me oferecer para lavar suas roupas e lhe dar algumas novas e limpas, permitir que tomasse um banho na minha casa, dar um prato de comida. Mas não o fiz, óbvio que não o fiz. Afinal, e o medo de alguma coisa me acontecer? De colocar uma pessoa dentro da minha casa sem saber quem é, ainda mais eu sendo uma mulher...
Por fim, a idéia de fazer algo por ele me abandonou.
A única coisa que eu poderia fazer por aquele homem, por motivos maiores, não pude fazer.
Aí veio a impotência... me senti incapaz, como em tantas outras vezes e em tantas outras situações, de fazer alguma coisa por alguém que precisasse.

Pois é, esta é a droga de mundo onde vivemos e que estamos, cada um do seu jeito, contribuindo para que se mantenha... (impotência mode on, again)

Só pra finalizar, aqui vai uma tirinha pra contemplar de leve este tema da cena de hoje...


Nat
Eu decidi que nessas férias iria tirar o atraso das leituras que eu tanto queria ter feito no resto do ano e não fiz.

Pois bem.

Estava eu ontem lendo Budapeste, aquela narrativa meio confusa do Chico Buarque- acho que quem já leu o livro sabe exatamente do que eu estou falando. E há pouco tempo eu li Estorvo, também dele. Este último, mais confuso ainda. Mas não é nem este o ponto que eu quero entrar, de ser um livro doido ou não, bom ou ruim, nada disso. O que a leitura me causou foi a seguinte dúvida: até que ponto aquilo que um autor escreve são elementos seus... o que ali é uma faceta do escritor - embora possa ser uma faceta mascarada, é só lembrar de Fernando Pessoa - e o que é algo puramente ficcional? Será que dá pra separar? Fiquei com isso na cabeça porque, com base neste dois livros, comecei a imaginar como seria a própria personalidade do Chico, aquilo que vai além de suas músicas, que não deixam de ser outra forma dele expressar seu eu - que eu, Nathaly, particularmente ADORO. Foi por gostar tanto das músicas dele que procurei suas narrativas.

Lendo aqueles comentários babação de ovo na contracapa do livro, tinha uma citação do Saramago que eu prestei um pouco mais de atenção, porque né? Não era o Zezinho de uma revistinha qualquer querendo puxar o saco do autor do livro como é comum em várias publicações... é alguém que entende daquilo que lê, entende sobre o quê as pessoas escrevem. Anyway, o que o português falou, em síntese, foi sobre um novo jeito de se expressar, sobre algo novo que foi aqui criado no quesito construção de uma história e utilização da linguagem; enfim, só falou bem, o quanto o Chico foi feliz em escrever este livro.

Eu, particularmente, ainda não sei se gosto ou desgosto. Um dos motivos de eu não ter uma opinião formada ainda é que não finalizei a leitura. Mas até agora a história me apeteceu, sim. Algo que ficou muito marcado pra mim foi justamento quanto algumas características do homem de hoje são retratadas nele:

- O livro tem uma escrita corrida, fugaz, parece que foi feito num fôlego só, me remetendo justamente a pensar na rapidez com a qual as coisas ocorrem neste mundo, uma das características mais marcantes dos nossos dias;

- O personagem principal é um tanto perdido quanto a si mesmo, um trabalhador/escritor que tem o papel de se passar por outras pessoas, de escrever pelos outros, sendo que seu estilo é não ter um estilo, caracterizando um trabalho esvaziado. As suas relações com a esposa e com o filho também são influenciadas por esta vazio do personagem, se manifestando pelo distanciamento, pela ausência de um real vínculo entre eles, na pouca participação de um na vida do outro - o típico trabalhador alienado, mostrando claramente o quanto o trabalho contribui na construção da própria personalidade individual e nas relações que são estabelecidas com o mundo (a teoria sócio-histórica passou por aqui e deu um hello pra gente)

- A agitação, a inquietude, o ar cosmopolita de um personagem que passeia por vários lugares do mundo, do país, ou mesmo de sua cidade, como quem troca de roupa. O típico espírito globalizado, que nos é revelado pela quebra da linearidade da narrativa e pelo próprio estilo da escrita do Chico, o famoso estou-em-vários-lugares-ao-mesmo-tempo.

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Acredito que outros elementos deste livro podem ser citados para auxiliar no desvelamento de tudo aquilo que caracteriza o homem do nosso tempo, mas não tenho a pretensão de me prolongar nesta análise.
Sem querer rasgar a seda para o Chico Buarque mas já rasgando, dá pra entender perfeitamente porque o Saramago falou bem do livro: é uma obra bem escrita que sintetiza a história do homem de seu tempo, uma história que poderia ocorrer em qualquer lugar do mundo, porque muitos homens ao redor deste mesmo mundo tem esta igual "conformação individual", este mesmo estilo de vida, estes mesmos problemas, estas mesmas dúvidas. É um retrato da nossa sociedade, de parte dela.

Olhando para o passado, para a obra do Chico Buarque, a gente vê que ele sempre conseguiu exprimir muito bem aquilo que muitos sentiam, o que estavam vivendo... passando pelom período da ditadura militar do nosso país (Cálice, Meu caro amigo), a vida difícil do nosso povo (Construção), a condição humana (Ode aos ratos), o amor (Cotidiano, Eu te amo), ihh, tanta coisa...

Hoje, elaborando este post, eu por acaso lembrei das minhas aulas de literatura no colegial, que eu tanto gostava. Algo que que me marcou muito foi o que aprendi quando estudamos as vanguardas européias, as obras de arte e as literárias daquele tempo e posterior a ele: o que determina a importância de uma manifestação artística não é apenas a sua beleza ou aquilo que venha a representar, porque como todos nós podemos inferir, os valores e os padrões estéticos variam de acordo com a época em que se vive; a relevância de uma obra está justamente na sensiblididade do artista em conseguiu captar as tendências de seu mundo e transmitir de uma forma que seja não só bela, mas coerente com o seu tempo, com o seu momento histórico e, ainda por cima, muitas vezes para ser reconhecido o cara precisa dar um salto de qualidade, fazer algo novo. Eu não estou dizendo que o Chico Buarque fez isso em seu livro Budapeste, não me entendam mal, hahaha, nem tenho conhecimento suficiente de literatura pra fazer uma afirmação categórica deste naipe; mas por outro lado, não tem como fechar os olhos para o fato de ele ser O artista.

Pra quem pretende ler o livro, procurem olhá-lo com este olhar... quem sabe ele num fica um pouco menos doido.



Nat
"Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve"

Acho que neste post inaugural eu posso usar este verso do Shakespeare, porque por mais idéias que eu tenha sobre o que escrever, não tenho nada muito claro.

Deixa eu falar, então, um pouco sobre mim.
Eu queria fazer um blog há tempos, só que a minha vida há um tempo atrás não permitiu que eu me dedicasse a tal tarefa. Por isso, viva as férias! VIVA AS FÉRIAS!!! (Arrã, eu realmente estava precisando de um descanso...)
Agora que estou em Santos na casa de meus pais, com dias muito azuis, ensolarados e frescos (o "frescos" é uma parte muito importante), dá pra sentir um real clima relax e me permitir escrever, despretensiosamente.

É bom ter este "quebra" representada pelas férias, né? Hahaha, é engraçado como fazer faculdade trás uma nova divisão do tempo: além do relógio que conta horas e minutos, o calendário que conta dias, semanas, meses e anos, tem também a faculdade que divide a vida em "semestres". E este jeitão de contar o tempo faz com que a sensação de que a vida passa muito rápido muito mais vívida. A vida fica dividida em blocos, e neste meio tempo ocorre uma imersão, uma grande dedicação a todas estas atividades. E os dias passam, e passam, e passam, fazendo muitas coisas; logo são as semanas que se vão, as provas e os trabalhos exigindo dedicação, os meses também passando, e pronto! Acabou mais uma etapa. Seis meses que já acabaram!

GENTEEE, isso me dá desespero!
Porque essa roda-viva nos traga pra um ritmo de vida que é muito frenético, tudo isso em si já é demasiadamente rápido. E vem cá, quem disse que eu quero viver deste jeito? Aí, é preciso o voltar-se pra si mesmo, porque num dá pra viver numa bolha à parte, né? Num dá. No entanto, dá pra tentar refletir sobre todas essas coisas e levar tudo de um jeito melhor, tendo noção desta dimensão louca do mundo em que vivemos. Não que eu não veja o quanto é importante se dedicar à vida acadêmica, lógico que não é isso: é fundamental que exista todo este aprendizado porque ele é a base para o trabalho que vai ser realizado no futuro, e isso envolve uma série de responsabilidades não só com outras pessoas com quem se trabalhará, mas também consigo mesmo. Entretanto, digam se num tem alguma coisa errada com o ritmo de vida deste mundo? o.O

É, férias.
É bom poder sentar e escrever.