Nat
Ferida doída e bolhas cheias d'água.
Dói, dói, dói e depois de um tempo fecha.

O local é novamente machucado: mais incômodos, a pele estufada não suporta ser incomodada e, se é, estoura e arde. Depois de doer um bocado, ela volta a sarar.

Ah não, de novo?! E sangrou desta vez, pois a bolha foi estourada: atrito. Machucado besta, dor dos infernos! Fechou, sempre fecha. Noto a pele ficando escurecida e um pouco áspera.

Nova lesão: aquela pele rompeu e no lugar nasceu uma nova e dolorida bolha. Odeio bolhas! Não as quero em mim, sumam! Elas obedecem e se vão, mas deixam seu rastro: uma pequena montanha vai se sobressaindo.



... e assim o processo se repete, tantas e tantas outras vezes.
Mas eu sei que cada vez que acontece, em cada novo ferimento, é como se de alguma maneira o calo reafirmasse sua própria existência: ainda que doa muito, a dor é menor; ainda que sangre, sangra menos; e ele sai maior e mais forte, after all.

O calo caleja.
Depois de tanto, ele se fortaleceu.

Nat
O mar é revolto.
A declaração de amor foi sincera e volúvel.
A cor do cabelo mudou; não o sorriso.
A tristeza foi profunda, fugaz.
As lágrimas doídas, falso alarme.
O toque tão real e tão imaterial...

O mar é revolto.
As palavras doídas, falso alarme.
A cor do céu, indescritível.
A saudade se manifestou, em sua monstruosidade.
As lágrimas cortantes de desespero.
O toque desvelou a ausência.

O sono é revolto.
A declaração de amor foi infinitamente real.
A cor dos olhos, cristalinos, é como na lembrança;
O medo surgiu das entranhas.
As lágrimas, desesperadas, falso alarme.
O toque quente de um corpo que um dia foi.

O sono é revolto.
As palavras, confusas, soam reais.
As cores desvanecidas;
A coisa-em-si se revela, indescritível.
As lágrimas ausentes e
O toque irreal que cala fundo.

O amor gritou - sempre grita.

Nat
Tanto por acontecer, tantos planos, tantos sonhos, tantos desejos... 
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Mas a vida, meus senhores, ah! A vida ri de tudo isso.

É essa a minha impressão, ou melhor: este é meu olhar para estes dias, estes fatídicos dias cheios de vontades-quero-pra-ontem
Enquanto vou domando, cotidianamente, uma fera chamada Impaciência em suas múltiplas roupagens, os dias passam preguiçosos, até que chega o próximo feriado. 
Explosão!


Nat
Nossa, desde agosto eu não escrevo aqui!
cof cof

Não sei porque sumi.
Provavelmente por sempre sumir quando a vida dá aquela apertadinha básica, ou por muitas vezes sentir que me expressar por aqui não vai ser suficiente pra colocar a coisa pra fora e me sentir aliviada.
Nestes momentos, prefiro me fechar.

Só que algumas coisas pulsam.
E MUITO FORTE.
Ainda que eu sinta que escrever aqui não venha a aliviar muito, tampouco ficar calada ajuda.
Minha raiva de certas coisas, certas pessoas & certas situações chegou num patamar BEM ALTO.



Mas a vida exige paciência, exige que domemos nossos sentimentos mais intensos, que continuemos perseverantes até atingir os nossos objetivos.


Enquanto isso, na sala de justiça... Nathaly, à procura paz de espírito, mentaliza o mantra "existe um yogue dentro de mim e eu VOU encontrá-lo, existe um yogue dentro de mim e eu VOU encontrá-lo..."
Porque viu, SÓ ASSIM.

Dias de cão estes.