Nat
Salut everybody!

Hoje senti vontade de dividir com vocês algumas coisas que tenho refletido sobre o amor.

Ahhh, o amor... (voz doce e reticente)
É, o amor.
Teminha complicadinho, né? Eu sei, eu sei... but, como eu adoro uns abacaxis-lutadores-de-esgrima (= problemas desafiantes) de vez em quando na minha vida, vamo que vamo.

Tanta gente nesse mundo já teorizou sobre, que eu num tenho a mínima pretensão de falar do amor como uma coisa geral ou mesmo lançar minha teoria própria.

MEGA PARÊNTESES: Hahaha, a auto-estima vai bem, obrigada, porém tá longe de atingir os níveis paranóides de quebra com a realidade. Eu tenho noção de que num tenho cacife para escrever neste nível de complexidade neste momento da minha vida! ;)

Como boa estudante de graduação, vou me limitar a citar idéias de quem já muito pensou/pesquisou/quebrou a cabeça sobre, mas né, como isso aqui num tem pretensão de seguir as normas da ABNT (Seria o cúmulo! Sai pra lá ABNT, este texto não te pertence!!!) e o blog é MEU, posso falar algumas eventuais abobrinhas e serei perdoada.

Recentemente, comecei a ler "A Insustentável Leveza do Ser" pra fazer um trabalho na faculdade e olha, estou gostando muito. É engraçado porque a leitura me deu uma perspectiva nova, coisas que eu particularmente nunca tinha pensado: Kundera mostra que a quantidade de desencontros entre as necessidades das pessoas dentro de uma relação é muito maior do que o número de encontros. Um nunca consegue atingir, de fato, o outro, e mesmo assim a trama vai se desenrolado.

O livro trata particularmente das relações afetivas entre homens e mulheres: como mesmo cada um fechado em seu mundinho, vivendo em sua ilha e nunca sendo "tocado" de verdade pelo outro, consegue estabelecer relações com este outro.

O amor me pareceu, neste contexto, um sentimento extremamente narcísico. Não que eu esteja negando esta tendência, nem dá também né, seria o cúmulo da ingenuidade achar que existe uma doação de uma das partes sem um ganho da outra... o que eu senti que me levou à classificação de extremo narcisismo foi o caminho trilhado pelos personagens: quanto mais mergulhavam em si mesmo, mais perdiam um ao outro. A vida de Tomás parecia impensável sem suas corriqueiras puladas de cerca; Thereza, por sua vez, não conseguia aceitar as traições do marido como algo natural, sempre sofria demais com isso. O diálogo sobre as necessidades de cada um era praticamente inexistente... e eu comecei a pensar se este "diálogo" realmente existe entre as pessoas.

Neste ano eu assisti uma palestra do Christian Dunker, um lacaniano (= estudioso de Lacan, psicanalista francês) que tinha uma oratória fantástica (#queroserquenemelequandocrescer).
Uma das coisas que ele falou foi que nós nunca entramos em contato com o outro, com aquilo que este outro quis dizer; cada sujeito está sempre dialogando consigo mesmo, com aquilo que lhe diz respeito, e só escuta ou entende aquilo que lhe é familiar e lhe pertence, nunca entramos em contato com a perspectiva deste outro.

Achei isso BI-ZARRO!
Nunca tinha pensado desta forma.
Me tirou TOTAL do meu paradigma, sabe?
Achei muito válido, e explicou muitas coisas que eu vivi e percebi de uns tempos pra cá. Só que outro lado, eu fiquei com a seguinte dúvida: até que ponto estas teorias que dão um grande foco ao apecto individual para tentar explicar o processos diversos do ser humano e de sua vida não são apenas reflexo desta visão de mundo vigente atualmente? A centrada no individualismo?
Mas aí, eu fui mais longe também... pensei: até que ponto É POSSÍVEL fazer este recorte, se estamos todos inseridos nesta realidade? Algumas pessoas fazem saltos (Einstein, Freud, Stephen Hawking) conseguem quebrar com a visão de mundo hegemônica e dar uma nova explicação pra ela, mas na boa? É só mais uma explicação que NUM VAI ATINGIR A VERDADE VERDADEIRA. A gente pode até ter esta impressão, mas dali a num-sei-quanto-tempo, vem um outro cientista doido e põe tudo por água a baixo.

Tipo, é importante e muito legal tudo isso, num sou de nenhuma forma contra a Ciência!
Muito pelo contrário: precisa mesmo ir atrás de entender as coisas!
Só num dou este estatudo de verdade única e possível, porque isso não se sustenta. A Ciência por muito tempo criticou absurdamente a religião (e convenhamos que foi super necessário...), mas chegou-se num ponto de ela própria ter se tornado um tipo de.

Bom, este post sobre Ciência fica prum outro dia.
Acredito que peguei este gancho por conta de algumas questões pessoais minhas (= "ligeiras" dificuldades em fazer escolhas...), o que acaba tendo tudo a ver com o que o Dunker falou, assim como Kundera em sua história: nas nossas relações com o mundo, só estabelecemos vínculos, agimos etc com aquilo que nos diz respeito; por isso sobram tantas brechas e tantos desentendimentos com este outro...

Tantas suposições...
Será será?