Nat
(Manja Spoiler? Não? Então, basicamente, se você não viu o filme do velhinho-querido e não quer saber de alguns detalhes importantes, não leia o post, ok?)

Assisti semana passada Vicky Cristina Barcelona, o último filme do Woody Allen (se não me engano), lançado em 2008.
Hahaha, entendi o frisson que determinadas cenas causaram, principalmente a do beijo entre as lindíssimas Scarlett Johanson e Penélope Cruz. E o Javier Barden também, nossa, que ser humano é aquele? Que charme, que tudo-de-bom... ai ai (suspiro).

Quero ir para Oviedo também. Quero passar um verão na Espanha fazendo curso de fotografia, conhecendo a música, a culinária, os pintores e os poetas das regiões pelas quais eu passar... ai ai (suspiro denovo)


Nem preciso falar que viajei no filme, né? Dá uma olhada nesta foto da Vicky com Juan! Olha este azul... ai ai (suspiro ^9284967509249759)

Hahaha, acho ótimo que o Woody Allen dá um jeitinho de colocar sempre um (ou muitos)elemento psicanalítico na trama. Dar uma fanfarroneadinha, sabe?
Desta vez, foi a questão da resolução feminina do Édipo, que segundo Freud, se dá apenas quando a mulher tem um filho homem - tipo, não só isso, existem outras coisas envolvidas também -. Durante o diálogo, senti que rolou uma sutil ironizada disso, só que ao longo da história houve sinais e mais sinais de que a tal personagem que falou a frase era meio infeliz no casamento, incompleta, um lance meio que envolvendo a angústia de separação feminina: como ela num tinha coragem de largar o marido por ser um porto seguro, continuava ao lado dele insatisfeita, incompleta. De certo modo, sem ter seu Édipo resolvido por não ter filhos. Gosto dessa zoadinha que ele dá, sabe? Num dá pra ter certeza se envolve os conflitos edípicos, fica no ar a sugestão.

Outro coisa que aparece no filme mas dessa vez num foi eu quem percebeu e sim minha professora, é o lance da montagem perversa do casal Juan Antonio (Javier, mí querído) e Maria Elena (Penélope Cruz).
Montagem perversa, wtf? Estará você, se perguntando.
Vem cá que a titia explica.

Paaara a Psicanáááálise, existem três tipos de personalidade: Neurótica, Psicótica e Perversa.
Neuróticos somos quase todos nós, a maioria dos indivíduos que habitam este planeta: são aqueles que colocam à frente dos desejos pessoais as regras da sociedade, regras tais que, em última instância, mantém o funcionamento e possibilitam a vida em agrupamentos humanos - afinal, nós somos uma espécie de animais sociais.
Já o perverso é o carinha que liga o dane-se pra regras & tabus, satisfazendo seus desejos independente de serem aceitos ou não, tendo um respaldo legal ou não. Neste grupo, temos os pedófilos, os estupradores, os serial killers e mais todo tipo de gente que transgride legal as regras sociais, que neste momento num consigo mais pensar em outros exemplos.
Com o psicótico fica da seguinte forma: por existir uma quebra com a realidade externa, toda a formação dessa noção do que é certo e errado (= construída socialmente, é sempre bom lembrar) se compromete. A partir daí né, tudo fica meio zoneado...

OK.
Mega parágrafo só pra coinseguir explicar o que é montagem perversa.Vamos lá.
A tal da montagem perversa ocorre quando duas pessoas que não necessariamente tenham a personalidade perversa (podem ser dois neuróticos, por exemplo) se relacionam e a coisa funciona de uma forma que ou apenas um dos lados ou mesmo os dois agem com características perversas: querem de qualquer modo satisfazer seus desejos (algo puramente narcísico), sem de fato conseguir se relacionar com o outro. Aí, pode dar problema... pensando no filme, os personagens do Javier e da Penélope não conseguiam ficar juntos de jeito nenhum, embora se amassem muito. O elemento que neutralizava as conturbações do casal era Cristina, mas mesmo ela que passou um tempo vivendo como amante de ambos, em um determinado momento não teve mais suas necessidades atendidas por aquela relação, desistiu dela e voltou para os EUA.

Enfim, montagem perversa é isso.

A resolução final do filme é que as pessoas não-mudam-mesmo-mudando (Dialética mode off).
As personagens passaram por uma infinidade de coisas ao longo do verão espanhol, but continuaram as mesmas quando voltam para os EUA. De certo modo eu concordo com isso porque as mudanças sempre demoram mesmo para acontecer em nossas vidas. Mas sei lá, ficou um ar meio fatídico no fim do filme que eu num curti muito, sabe? Tipo: olha-como-mesmo-depois-de-tudo-que-elas-passaram-não-adiantou-nada. Manja House? The same idea: people-don't-change.

Ahh, eu num deixo de crer na mudança, né?
Afinal, olha a minha profissão. Lógico que sem fórmulas mágicas e talz.
Mas deve ser por isso que o final me incomodou, por conta dessa idéia implícita de inexorabilidade do Eu.


Enfim, vai saber...
Quem é que consegue descobrir todos os seus porquês?

5 Responses
  1. mainina Says:

    ñão vi, não li, prometo que realizo quando tiver tempo.

    queijo e feliz dia das mães!


  2. Denise Says:

    ei nat.

    assisti esse filme sexta.
    gostei muito [apesar de não gostar tanto do wood]
    ...
    minha percepção foi totalemnte outra.
    acho que elas voltaram pros EUA completamente mudadas. Acho até q a cristina e a vick viveram um tipo de relação lésbica não mostrada......nossa, minha percepção foi totalmente além do que o filme mostrou. tudo está implícito em detalhes sutis, como um olhar.

    bjobjo
    saudade


  3. pois é. não vi, fiquei com vontade agora.

    conversa com a didi pelos comments q eu qro ver o pau quebraaar.
    ahuahuahu
    amo-te
    beijo


  4. Nat Says:

    Hauhauahauhaua, Fê querendo brigas é tão colegial.. =P

    Assim Didi, eu num consigo enxergar essa relação lésbica entre elas, por mais que o filme mostre bastante o lance da liberdade sexual da Cristina, do Juan Antonio e da Maria Elena. A Vicky num entrou muito nessa parada.. rs
    Pelo menos eu num vi nada disso...

    Quanto à mudança das personagens, acho que isso pode ser visto de modos diferentes. O que vc chama de mudança? O fato delas terem vivido muitas coisas? Certamente alguma mudança ocorreu neste sentido, de terem passado por situação antes nunca experienciadas... mas eu disse que permaneceram as mesmas justamente por continuarem com as mesmas escolhas, escolhendo viver da mesma forma que viviam antes da viagem.


  5. Denise Says:

    daqui a pouco eu volto. tô correndo com o tcc.

    o lance lésbico entre as amigas fica evidente no final, quando as duas sentam pra conversar. fica evidente nos olhares.......subentendido. filmes bons tem disso...detalhes ambíguos.........

    ah, sem brigas, cada um com a sua percepção....hahahah